Justiça para as vítimas do deslizamento tóxico da BHP-Vale em Mariana, Brasil - CIDSE

Justiça para vítimas do deslizamento de lama tóxico da BHP-Vale em Mariana, Brasil

No dia XIX de novembro, o 5, duas barragens da Samarco SA, uma joint venture entre a Vale SA (2015%) e a BHP Billiton Brasil Ltda (50%) foram rompidas, criando uma torrente de lama e resíduos de mineração no distrito de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, no estado brasileiro de Minas Gerais.

O primeiro reservatório rompido continha cinquenta e cinco milhões de metros cúbicos de depósitos minerais de ferro. A segunda barragem que retinha sete milhões de metros cúbicos de resíduos quebrou logo depois (perfazendo um total de 62 milhões de metros cúbicos). Uma avalanche de lama e água poluída submergiu cidades, campos e tudo o que passava. O distrito está completamente enterrado sob essa lama tóxica, com acesso possível apenas por helicóptero. Isso criará uma cobertura seca sobre o solo, impedindo que toda a vida cresça nesta terra. Os resíduos que correm pelo rio Rio Doce finalmente chegarão ao oceano e a três áreas marinhas protegidas. As consequências serão sentidas ao longo de décadas.

Segundo as últimas notícias das autoridades brasileiras, o desastre causou a morte de nove pessoas, enquanto dezoito ainda estão desaparecidas. O CIDSE expressa sua solidariedade com as famílias e todas as comunidades afetadas.

Esta tragédia social e ambiental tem uma ligação clara com as discussões que estão sendo realizadas em Genebra por ocasião do quarto Fórum de negócios e direitos humanos (de 16th a 18 de novembro 2015). Embora muitos Estados e empresas privadas defendam a implementação dos Princípios Orientadores da ONU, a CIDSE, juntamente com seus parceiros, denuncia que os esforços até agora têm dado pouca atenção a ações concretas para proteger mulheres e homens que buscam defender seus direitos diante de empresas prejudiciais práticas ou medidas legais para melhorar o acesso ao remédio.

O desastre de Mariana é mais um exemplo dos abusos sofridos por comunidades e indivíduos como resultado de atividades comerciais prejudiciais. Para as comunidades que vivem perto das barragens rompidas e dos rios poluídos, os Princípios Orientadores da ONU não representarão uma via confiável para acessar a justiça. Esse evento dramático destaca a necessidade de ações extraterritoriais efetivas por parte dos Estados onde as empresas multinacionais estão localizadas, bem como obrigações nacionais de due diligence para empresas-mãe que se aplicam ao relacionamento com subsidiárias e subcontratadas.

No contexto de estruturas corporativas complexas, incluindo responsabilidade transnacional (como é o caso do desastre de Mariana, que é de responsabilidade de duas grandes empresas de mineração, a Vale do Brasil e a BHP Billiton sendo uma empresa anglo-australiana), uma maneira confiável de acessar a justiça poderia ser ajudado por um instrumento juridicamente vinculativo sobre as empresas transnacionais. Esse instrumento poderia tratar da responsabilidade legal corporativa por violações dos direitos humanos, tanto como um incentivo para que as empresas realizem a devida diligência em direitos humanos, quanto para reparar os danos causados ​​em caso de falha. Para este caso, mas também para muitos abusos de direitos ambientais e humanos em todo o mundo, a CIDSE e seus parceiros acreditam que esse instrumento seria uma ferramenta adicional importante para apoiar as lutas dessas comunidades.

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Ativistas protestam em frente à sede da Vale.

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