Estamos orgulhosos de lançar o novo blog “Voices for Change” do CIDSE. Esse espaço do blog é dedicado à “mudança sistêmica”. Ele refletirá e analisará questões atuais que desafiam e transformam sistemas, como os de produção e consumo de alimentos ou energia, em sua interseção com sistemas maiores de injustiça: patriarcado, racismo, colonialismo ou capitalismo. Também trará histórias de mudança para romper com sistemas abusivos e injustos, por menores ou maiores as mudanças. Esperamos ansiosamente as contribuições da família CIDSE, parceiros e aliados para este espaço de blog.
Há menos de uma década, a CIDSE embarcou em uma nova jornada que chamamos de “Mudança de Paradigma”. Nessa jornada, começamos a desafiar nossas premissas de desenvolvimento e impacto, bem como as premissas gerais de crescimento e prosperidade ligadas a modelos claramente insustentáveis de vida e economia.
Fora dessa jornada, surgiu o atual quadro estratégico da CIDSE. Estabelece nossa ambição de ser profético e inspirador. Nossa ambição é definir a agenda em vez de simplesmente responder à agenda política estabelecida pelos governos. Estamos convencidos de que a profunda transformação de que precisamos urgentemente diante das crises sociais e climáticas interligadas vem de baixo, de pessoas que lutam por uma vida melhor, pela dignidade humana. Nossa agenda é promover soluções e alternativas que as próprias pessoas trazem, para as quais trabalham e para as quais trabalham. Nossa agenda de mudança sistêmica nos chama a empurrar fronteiras: as fronteiras do Norte e do Sul, as fronteiras entre os seres humanos e a natureza, os consumidores e os produtores / fornecedores, as fronteiras do poder, as fronteiras da igualdade, começando pela igualdade de gênero. Nosso objetivo é oferecer alternativas inovadoras que superem esses limites. As alternativas apresentadas são inspiradas e enraizadas nos desafios e soluções de nossos parceiros no Sul e no Norte.
O desafio. Em decorrência da devastação ambiental e social causada por desastres da mineração, como a barragem de Fundão, em 5 Novembro 2015, no município de Mariana, em Minas Gerais, o Brasil está apoiando cada vez mais o movimento global por um instrumento jurídico internacional vinculativo para responsabilizar diretamente as empresas por violações de direitos humanos. A justiça é a primeira demanda desse movimento crescente. Ao mesmo tempo, estão pedindo um debate social mais amplo: existe lugar para grandes projetos extrativos em um mundo que encerra a relação exploradora do ser humano com a natureza? Em um mundo em que há menos demanda por recursos naturais devido a um sistema transformado de produção e consumo? Quando esses projetos não trazem lucros enormes e inesperados para os investidores devido a um sistema econômico revisado?
As soluções. A rede de agricultores Masipag, nas Filipinas, reúne agricultores e especialistas em uma parceria para aumentar o poder dos pequenos agricultores e acabar com sua dependência de sementes e outros insumos provenientes do agronegócio transnacional, com fins lucrativos. Graças a essa rede, os pequenos agricultores conseguiram recuperar as variedades tradicionais de arroz. Eles desenvolveram mil variedades de arroz aprimoradas através da criação e seleção. Tais variedades de arroz estão melhor adaptadas a eventos climáticos extremos e mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, graças às práticas agroecológicas, eles respeitam o equilíbrio natural entre proteger a terra e colher suas riquezas. Muitos argumentam que a agricultura em pequena escala pode produzir alimentos suficientes para superar as atuais crises de fome e desnutrição. Há também um crescente corpo de evidências de nossos parceiros, mostrando que a agroecologia, por sua própria natureza, está no centro das mudanças dos sistemas de patriarcado nas sociedades agrárias: fornecendo espaços para as mulheres trabalharem em solidariedade e ganharem meios de subsistência, renda e apoio. Tais experiências também dão às mulheres a confiança para realizar mais trabalho político e desafiar leis injustas, incluindo leis consuetudinárias em suas comunidades que consideram discriminatórias para as mulheres (Focus on the Global South, 2017).
Essas e outras histórias de visão, inovação e transformação estarão no blog “Vozes pela Mudança”. Esperamos que seja uma fonte de muita inspiração para superar os bloqueios do sistema e para a mudança sistêmica.