Representante do Vaticano traz solidariedade do Papa a Brumadinho - CIDSE

Representante do Vaticano traz solidariedade do Papa a Brumadinho

Cinco meses após o desastre de Brumadinho, o Secretário do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, Dom Bruno-Marie Duffé, visitou o local como representante do Vaticano para, como ele descreveu, “mostrar a solidariedade e o pensamento fraterno do Papa Francisco ”e testemunhar o sofrimento das comunidades afetadas. “O Papa Francisco diz que devemos começar por nos encontrar com as pessoas e deixarmo-nos comover pela sua situação de sofrimento”.

Mons. Duffé participou do Seminário “Mineração e cuidado da casa comum” que foi organizado nos dias 17 e 18 de maio pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Iglesias y Mineria e pelo Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo. Com este encontro, a Igreja buscou expressar apoio às comunidades que estão defendendo territórios ameaçados e informar ainda mais o Vaticano sobre o impacto dos desastres de mineração para o povo brasileiro.

O Arcebispo Walmor anunciou que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pretende criar uma Comissão Episcopal para tratar de questões relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento, especialmente a mineração, com a intenção de desenvolver um diálogo entre a Igreja e os atores relevantes, incluindo os legisladores.

Joaquim Mol, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, cobrou responsabilidade dos gestores que permitem que tragédias como Mariana e Brumadinho ocorram.

O Arcebispo Walmor comentou: “[Este seminário] é de grande importância porque entrelaça corações e mentes na mesma direção: o coração da Arquidiocese de Belo Horizonte e o coração do Papa Francisco - através da presença de Dom Bruno-Marie Duffé - com os muitos grupos religiosos e segmentos da sociedade. Estamos todos juntos, de mãos e de coração, para fazer um novo caminho, tão necessário se queremos o desenvolvimento integral, se queremos o desenvolvimento sustentável ”.

Mons. Duffé também visitou as comunidades do Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, em Brumadinho, e se emocionou com os depoimentos de quem perdeu familiares no rompimento da barragem. Ele reafirmou o compromisso do Vaticano em apoiar as comunidades que defendem seus territórios e transmitiu a mensagem de solidariedade do Papa Francisco às famílias. Ele também criticou duramente o liberalismo que prioriza o lucro sobre as pessoas e a natureza, resultando em eventos como as tragédias de Mariana e Brumadinho. Ele convidou o povo de Brumadinho a se tornar “um profeta que anuncia um novo tempo, que consola e luta por um mundo mais justo, lutando contra a ganância”. 

Monsenhor Vicente, bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte, e os membros da comunidade levaram Mons. Duffé em procissão pelas ruas do Córrego do Feijão em direção a um local onde a lama havia atingido, para mostrar ao representante do Vaticano os estragos. A rua foi bloqueada pela Vale. 

Isso não poderia bloquear as reflexões do Vaticano sobre as responsabilidades das corporações na justiça e na mudança sistêmica. Mons. Duffé comentou “Como podemos pensar em um novo tipo de 'desenvolvimento'? Esta questão foi central e esteve presente nestes dois dias de partilha, celebração e reflexão. Como podemos encontrar juntos - e principalmente com empresários e empresas que fiscalizam esta exploração, este extrativismo - como podemos encontrar outro modelo que respeite ao mesmo tempo a natureza, o meio ambiente e sobretudo a vida das pessoas, e que abra um futuro de esperança para os jovens… Devemos trabalhar com todos os atores do desenvolvimento, econômico, político e social, e com os mais pobres e dar voz aos mais afetados pelas consequências deste desenvolvimento ”.  

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